Com foco em mercado interno e exportação, a empresa francesa Qair pensa em investir no mínimo R$ 21,8 bilhões em projetos de produção de hidrogênio verde no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), localizado no Ceará. Uma das plantas teve a licença prévia aprovada e já deve ser instalada a partir do ano de 2026.
Empresa global do setor de energia renovável, a Qair atua no Brasil desde 2017, com sede principal em Fortaleza e escritório em São Paulo. A companhia tem 5 projetos em operação no Ceará — Três usinas solares e duas eólicas.
Ainda há em desenvolvimento duas plantas de energia solar, uma em Tauá e outra no Pecém. A multinacional também escolheu o Ceará para suas plantas de duas importantes apostas da transição energética: a produção de hidrogênio verde e éolicas offshore.
A empresa estuda instalar o empreendimento eólico ‘Dragão do Mar’ no alto mar cearense, com capacidade de 1.216 MW.
Já para o hidrogênio sustentável, serão três plantas instaladas em Pecém, voltadas às estratégias de curto, médio e longo prazos. A companhia considera o Brasil como o mercado mais promissor e deve instalar aqui os projetos de maior capacidade instalada.
O primeiro projeto da Qair, denominado H2’Genèse, será uma pequena planta de hidrogênio verde que deve começar a operar já em 2025, com capacidade de até 5 MW.
O projeto possui o objetivo do desenvolvimento do modelo de negócio que será usado pela Qair nos empreendimentos de grande porte. A pequena planta será instalada no terreno destinado a projetos-piloto, no terreno comprado pela Qair no Complexo Industrial e Portuário do Pecém.
Projeto recebeu aprovação ambiental
No prazo médio, a Qair pensa em operar com a planta H2’Fraternité, com capacidade de eletrólise de 280 MW e produção de 42 mil toneladas de hidrogênio por ano. A expectativa é que a operação comercial inicie em dezembro de 2027.
O empreendimento passou por uma fase aprovativa importante recentemente, com licença prévia aprovada pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema). Esse é o terceiro projeto de hidrogênio verde no Ceará que recebeu o aval do órgão.
O H2’Fraternité deve possuir um investimento de R$ 1,8 bilhão e produção voltada para o mercado nacional. A planta será instalada dentro da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) 2 do complexo do Pecém. Toda a energia elétrica precisa será fornecida pelas usinas da empresa.
As obras devem durar cerca de 2 anos, em única fase, com geração de 700 empregos diretos. Na fase de operação ampla, serão 200 empregos diretos.
O projeto contém dois prédios de eletrólise, cinco tanques de armazenamento e instalações de abastecimento e carregamento de caminhões. A Usina será ligada a uma subestação de energia do Pecém por meio de uma linha de transmissão exclusiva.
Empresa de grande porte no hub de Pecém
Focando em exportação de hidrogênio verde (na forma de amônia) principalmente para os Estados Unidos e Europa, a Qair pensa em instalar uma planta de grande dimensão, a H2’Liberté. A capacidade instalada deve ser de 2.240 megawatts (MW), cerca de oito vezes maior do q a H2’Fraternité.
Esse empreendimento deve ser instalado a prazo longo, iniciando as operações de maneira escalonada em 2030, chegando a funcionamento amplo em 2036.
Diferente dos outros dois projetos da Qair, a H2’Liberté vai ser instalada no hub de hidrogênio verde do Complexo de Pecém. O polo deve reunir os projetos de hidrogênio verde de grande porte, com linhas de transmissões compatíveis e utilização da rede de distribuição de gás para transporte do H2V.
Além dos projetos cearenses, a Qair pensa em construir uma planta de hidrogênio verde em Pernambuco, com capacidade semelhante a da H2’Liberté, de 2,2 gigawatts. A decisão final de investimento dos projetos deve acontecer com o andamento da indústria.