Na madrugada desta quarta-feira (23), um incidente envolvendo duas aeronaves no Aeroporto de Teresina (PI) provocou uma série de transtornos para passageiros que tinham como destino Campinas (SP) e Brasília (DF). Durante uma manobra no pátio do aeroporto, a ponta da asa de um dos aviões colidiu com o estabilizador da outra aeronave, causando a suspensão dos voos de ambas as companhias. Apesar do susto, ninguém ficou ferido, mas os impactos para os passageiros foram consideráveis.
Após a colisão, os voos das companhias Azul e Gol que partiriam de Teresina para os dois destinos foram cancelados, gerando longa espera para os passageiros, que passaram horas tentando reorganizar suas viagens. Alguns relataram que ficaram cerca de três horas em filas, buscando informações sobre como prosseguiriam com suas viagens.
Companhias oferecem assistência, mas passageiros relatam dificuldades
A Azul Linhas Aéreas informou que está prestando toda a assistência prevista na Resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), oferecendo a reacomodação dos passageiros em outros voos. A Gol também comunicou que está acomodando seus clientes de acordo com as normas, remarcando as passagens para voos futuros. No entanto, muitos passageiros expressaram frustração quanto à forma como a situação foi conduzida.
“Eu comprei outra passagem e vou, porque não tenho como esperar, porque eu trabalho, inclusive ainda hoje à noite, porque trabalho em hospital e vou ter que ir de qualquer forma”, contou um passageiro, destacando a necessidade de resolver rapidamente o problema por conta de compromissos profissionais.
Outro relato aponta a insatisfação com o atendimento prestado.
“Eu, meu filho e minha nora tivemos que comprar em outra companhia, o valor de uma passagem três vezes mais, porque se negaram a nos colocar em um voo de outra companhia, que é um direito do consumidor. Então tivemos que comprar. É um absurdo o que aconteceu”, desabafou outro passageiro, enfatizando que, mesmo diante de uma situação emergencial, a alternativa de reacomodação não foi facilitada pelas companhias.
Famílias com crianças pequenas também enfrentaram dificuldades. Um dos passageiros relatou a complicação de permanecer no aeroporto sem assistência adequada:
“Foi horrível. Estou com criança, com minha esposa, e não querem remarcar nossas passagens, querem para daqui a quatro dias, mas como a gente vai ficar aqui, no aeroporto? Não querem pagar hotel, nem táxi para levar a gente. Está complicado ficar nessa situação.”
Orientação jurídica para os passageiros afetados
Diante das queixas e da insatisfação, especialistas em direito do passageiro aéreo orientam que os consumidores busquem reparação legal. Um advogado consultado explicou que os passageiros têm o direito de serem reacomodados no voo mais próximo disponível, mesmo que seja de outra companhia aérea.
“Nesse caso, o primeiro direito que o passageiro tem é ser reacomodado no voo mais próximo disponível, mesmo que seja de outra companhia. Muitas vezes, eles acomodam no voo mais conveniente, mas o cliente pode exigir o voo que ele quiser e que se encaixe com a programação dele”, esclareceu.
O incidente e a resposta das companhias aéreas
A Azul e a Gol emitiram comunicados oficiais sobre o incidente. A Azul explicou que a colisão ocorreu durante o procedimento de taxiamento da aeronave que realizaria o voo AD4379, com destino a Viracopos (Campinas). A companhia ressaltou que todos os clientes desembarcaram com segurança e que o avião passou a ser inspecionado pela equipe técnica, resultando no cancelamento do voo.
“A Azul informa que, durante o procedimento de taxi no aeroporto de Teresina (PI), na madrugada desta quarta-feira (23/10), a aeronave do voo AD4379 (Teresina-Viracopos) tocou, em solo, a ponta de sua asa com a de uma aeronave de empresa congênere. Todos os Clientes desembarcaram normalmente e em total segurança, valor principal para a Companhia. A aeronave está sendo inspecionada pelo time técnico e, como consequência, o voo precisou ser cancelado. Os Clientes afetados estão recebendo a assistência prevista na Resolução 400 da Anac, com reacomodação em outros voos. A Azul esclarece, ainda, que está apurando a ocorrência.”
A Gol, por sua vez, informou que o voo G3 1787, com destino a Brasília, teve um dos estabilizadores danificados pela colisão com a outra aeronave, enquanto estava estacionada no pátio. O avião foi direcionado para manutenção, e a empresa reiterou que as ações foram tomadas priorizando a segurança dos passageiros.
“A GOL informa que a aeronave que faria o voo G3 1787, de Teresina (THE) para Brasília (BSB) nesta quarta-feira (23/10), teve um dos seus estabilizadores atingido por outro avião de companhia congênere, enquanto estacionada no pátio do aeroporto teresinense. O incidente causou danos à aeronave da GOL, que seguiu para manutenção. O voo foi cancelado. Os Clientes estão sendo acomodados de acordo com as necessidades e facilidades previstas e sendo remarcados para outros voos. Todas as ações referentes ao voo foram tomadas com foco na Segurança, valor número 1 da GOL.”
Movimentação intensa e incertezas no aeroporto
O cancelamento dos voos causou uma grande movimentação no Aeroporto de Teresina. Um vídeo gravado por uma terceira pessoa mostra longas filas de passageiros buscando alternativas para seguir viagem. A situação gerou críticas pela demora no atendimento e na realocação em voos.
Segundo relatos de passageiros, as companhias aéreas indicaram que novas alternativas para os voos cancelados só estariam disponíveis a partir de quinta-feira (24). A incerteza sobre os desdobramentos e a falta de assistência imediata foram as principais reclamações daqueles que esperavam embarcar nas aeronaves envolvidas no acidente.
Com as investigações em andamento e a retomada gradual dos voos, os passageiros ainda buscam uma resolução para o transtorno vivido. Para muitos, a experiência deixou uma marca de insatisfação sobre a forma como a situação foi gerida no Aeroporto de Teresina. A expectativa é que o caso possa gerar discussões sobre o cumprimento dos direitos dos passageiros e a melhoria das práticas de atendimento em situações de emergência nos aeroportos do país.