Por: Pedro Henrique e Vinícius de Freitas, redação TVI – Atualizado às 22:38 de 19/11/2024
A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira (19) cinco suspeitos envolvidos em um plano criminoso que visava impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo, composto por ex-militares das Forças Especiais do Exército e apoiadores radicais, articulava um golpe de estado que incluía a execução de autoridades chave, como o próprio presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O plano foi desarticulado após investigações que apontaram ações coordenadas para derrubar o novo governo por meio de atos violentos e ilegais, incluindo o atentado à vida das figuras mencionadas.
Os membros do grupo, conhecidos como os “kids pretos”, pertencem a uma facção radical interna do Exército Brasileiro, que tinha uma expertise em operações especiais e estavam em sua maioria ligados a ex-oficiais de alta patente. Um dos detidos é um general da reserva, que atuou no comando das Forças Especiais, 2 eram ex-agentes da Polícia Federal e outro trabalhou no governo de Jair Bolsonaro até 2022. Durante as investigações, a PF encontrou indícios de que os suspeitos estavam em contato com facções extremistas e com outros militares dispostos a apoiar a tentativa de golpe. A operação foi realizada em várias regiões do Brasil, incluindo o Rio de Janeiro, onde os primeiros mandados de prisão foram cumpridos.
Além das prisões, a Polícia Federal apreendeu documentos e equipamentos eletrônicos dos suspeitos, e determinou a retenção dos passaportes de todos os envolvidos.
Quem são os presos?
Todos os cinco detidos ocupavam cargos públicos e possuem histórico de atuação militar ou policial. Entre os nomes estão:
- Tenente-coronel Hélio Ferreira Lima: ex-comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus, destituído em fevereiro de 2024.
- General da Reserva Mário Fernandes: ex-ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência e atual assessor do deputado Eduardo Pazuello. Fernandes participou de reuniões estratégicas para o golpe.
- Major Rafael Martins de Oliveira: oficial das Forças Especiais acusado de negociar R$ 100 mil com o coronel Mauro Cid para financiar o transporte de manifestantes a Brasília.
- Major Rodrigo Bezerra de Azevedo: outro militar das Forças Especiais.
- Policial Federal Wladimir Matos Soares: preso em Brasília, enquanto os demais foram detidos no Rio de Janeiro.
Dois dos militares participavam da segurança de autoridades durante a cúpula do G20.
Detalhes da conspiração
Segundo a PF, os suspeitos integravam uma organização criminosa altamente treinada, com domínio de táticas operacionais avançadas, e haviam elaborado o plano “Punhal Verde e Amarelo”. A estratégia previa o assassinato do presidente Lula, do vice Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal. O plano detalhava o uso de armas como metralhadoras e lança-granadas para execuções, além da formação de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” para controlar os desdobramentos do golpe.
Conversas interceptadas mostram que os suspeitos monitoraram rotas e acessos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em dezembro de 2022, quando Lula e Alckmin foram diplomados. Também houve menções a reuniões entre Mauro Cid e Marcelo Câmara, subordinados à ajudança de ordens da Presidência durante o governo Bolsonaro, para articular ações estratégicas.
Participação de figuras-chave
Mensagens interceptadas indicam que o coronel Mauro Cid trocou informações com o então comandante do Exército, general Freire Gomes, sugerindo uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Após a derrota nas urnas, Bolsonaro teria considerado decretos golpistas. Além disso, o general Mário Fernandes participou de uma reunião em julho de 2022 no Palácio do Planalto, ao lado do general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, onde foram discutidas ações caso houvesse derrota eleitoral. Fernandes defendeu medidas “enérgicas” contra o TSE
Os investigados podem responder por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. A PF ressaltou que o grupo demonstrou elevado conhecimento técnico-militar para planejar as ações e pôr em risco a estabilidade democrática brasileira.
A operação repercutiu intensamente no meio político. Flávio Bolsonaro, senador e filho do ex-presidente, criticou a ação da PF, afirmando que “pensar em matar alguém não é crime”. Em contrapartida, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Márcio Macêdo, classificou o plano como “coisa de gângster e máfia”.
As investigações permanecem em curso, e o governo federal reforçou o compromisso de combater qualquer ameaça.