O ex-prefeito de Canelones, Yamandu Orsi, do Partido Nacionalista (esquerda), foi eleito presidente do Uruguai nas eleições realizadas ontem, 24 de novembro. Orsi conquistou uma vitória expressiva, com 87% dos votos válidos, derrotando o atual vice-presidente, Álvaro Delgado, candidato do Partido Nacional (conservador), que obteve 46,4% dos votos.
A eleição foi marcada por uma grande polarização política, com Orsi defendendo propostas de maior integração social, fortalecimento do estado de bem-estar e maior investimento em políticas públicas para áreas como saúde, educação e igualdade de gênero. Por outro lado, Delgado, alinhado com a ideologia conservadora, apresentou um programa voltado para a redução do tamanho do Estado, cortes em gastos públicos e uma postura mais rígida em relação a temas de segurança e imigração.
A vitória de Orsi representa uma clara preferência da população uruguaia por mudanças nas políticas internas e externas do país, após uma década de governos de orientação mais moderada e alinhados com a centro-direita. A ampla vantagem nas urnas – um resultado de 40 pontos percentuais de diferença – surpreendeu analistas políticos, que previam uma disputa mais acirrada, dada a popularidade do governo de Luis Lacalle Pou, atual presidente do Uruguai.
Por outro lado, Álvaro Delgado, que concorreu com o apoio de uma coalizão de direita, reconheceu a derrota em um tom pacífico e parabenizou Orsi pela vitória, destacando a importância de um processo eleitoral democrático e a necessidade de garantir a estabilidade política durante a transição de governo.
As eleições de 2024 marcam um ponto de inflexão na política uruguaia, onde o debate sobre os rumos econômicos, sociais e diplomáticos do país deverá ganhar um novo contorno sob a liderança de Yamandu Orsi. O novo presidente, que assume o cargo em março de 2025, terá pela frente desafios como o fortalecimento da economia pós-pandemia, o combate à desigualdade social e a busca por uma maior integração com países da América Latina.
Repercussão internacional
A vitória de Orsi também tem gerado repercussão internacional. Líderes de esquerda na América Latina expressaram sua solidariedade e parabéns ao novo presidente eleito, considerando a vitória como um reflexo de um movimento progressista crescente na região. Por outro lado, críticos de sua agenda temem um possível afastamento do Uruguai de suas relações comerciais com países do hemisfério norte e uma aproximação maior com governos mais alinhados ideologicamente à esquerda.
A posse de Yamandu Orsi, que ocorrerá em março do próximo ano, promete trazer novas perspectivas para a política e a economia do Uruguai, um país tradicionalmente visto como um modelo de estabilidade política e econômica na América do Sul.