Morre segundo menino que consumiu caju envenenado em Parnaíba, no litoral do Piauí

Ulisses Gabriel da Silva, de 8 anos, faleceu na tarde de domingo (10), após dois meses internado no Hospital de Urgência de Teresina (HUT). Ele foi vítima de envenenamento, junto com o irmão João Miguel, de 7 anos, que morreu em 28 de agosto. A tragédia aconteceu em Parnaíba, litoral do Piauí, quando ambos consumiram cajus envenenados com uma substância tóxica. Ulisses estava na UTI desde 12 de setembro e, apesar de ter apresentado uma pequena melhora, desenvolveu sequelas cerebrais, o que comprometeu sua mobilidade. Sua mãe, Francisca Maria da Silva, relatou que o filho reagia aos familiares com os olhos, mas não conseguia falar.

A principal suspeita é Lucélia Maria da Conceição Silva, de 52 anos, vizinha da família. Ela foi indiciada pelos crimes de homicídio qualificado tentado e consumado contra os irmãos. Lucélia é acusada de entregar aos meninos um saco de cajus contaminados com terbufós, uma substância usada como inseticida e nematicida, semelhante ao “chumbinho”.

A Polícia Civil do Piauí (PCPI) informou que a perícia feita pelo Instituto Médico Legal (IML) confirmou a presença do veneno nos cajus consumidos pelas crianças. O veneno é altamente tóxico, capaz de provocar sérios danos ao sistema nervoso e respiratório. A perícia também revelou que Lucélia possuía veneno em sua residência e um cajueiro em frutificação no quintal, o que reforça as suspeitas de que ela tenha sido responsável pela tragédia.

O envenenamento ocorreu no dia 23 de agosto, quando Ulisses chegou em casa com um saco de cajus oferecido por Lucélia. Quando ele e João Miguel comeram a fruta, o irmão mais novo logo voltou para casa apresentando sinais de intoxicação: tontura, rigidez e coloração roxa na pele, além de vômito. Pouco depois, Ulisses também começou a apresentar os mesmos sintomas. Ambos foram levados ao Hospital Nossa Senhora de Fátima em Parnaíba e, em seguida, transferidos para o HUT, em Teresina.

Lucélia Maria foi presa no dia do crime. Ela já possuía um histórico de desentendimentos com a vizinhança, além de episódios anteriores de envenenamento de animais. A polícia encontrou substâncias tóxicas, incluindo estricnina, conhecida como “chumbinho”, na residência da suspeita. A casa de Lucélia foi incendiada por vizinhos em resposta à tragédia.

Em uma análise preliminar, a Polícia Civil também encontrou vestígios de veneno no estômago das crianças. A mulher alegou que utilizava o veneno para matar ratos, mas a justificativa não foi aceita pelas autoridades, que mantêm a investigação aberta. A suspeita segue presa na Penitenciária Mista de Parnaíb

A morte de Ulisses e João Miguel gerou comoção na cidade e em todo o estado, levando à mobilização de autoridades e à continuação das investigações. A polícia apura os detalhes da ação criminosa e trabalha para esclarecer se houve outros envolvidos ou se a suspeita agiu sozinha. A tragédia deixou a mãe dos meninos, Francisca, em luto, enquanto a comunidade de Parnaíba aguarda respostas sobre o caso.

A Polícia Civil segue com as investigações, e o caso permanece em destaque na mídia estadual, enquanto a população cobra justiça e esclarecimentos sobre o crime brutal que ceifou a vida de duas crianças inocentes.

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